Ao abrir o guarda-roupa no início do inverno ou após uma longa temporada sem uso, muitas pessoas são surpreendidas por crises de espirros, coceiras nos olhos e dificuldade para respirar. Esses sintomas podem estar diretamente ligados à presença de ácaros e mofo nas roupas armazenadas por muito tempo. O que parece apenas um desconforto pode, na verdade, representar um risco à saúde, especialmente para pessoas com alergias respiratórias, como rinite, asma e sinusite.
Por que roupas guardadas acumulam ácaros e mofo?
Roupas armazenadas por longos períodos em locais fechados e úmidos se tornam o ambiente ideal para a proliferação de ácaros e fungos. A falta de ventilação, o acúmulo de poeira e a umidade favorecem o desenvolvimento desses micro-organismos invisíveis a olho nu, mas com grande potencial de causar doenças.
Os ácaros são aracnídeos microscópicos que se alimentam de fragmentos de pele humana. Já o mofo é um tipo de fungo que cresce em ambientes úmidos e escuros, deixando um cheiro característico nas peças e podendo causar manchas difíceis de remover. Ambos são potenciais alérgenos e, quando inalados, provocam reações no sistema respiratório.
Rinite, asma e outras alergias: o impacto na saúde respiratória
A exposição a roupas contaminadas com ácaros e mofo pode desencadear ou agravar uma série de problemas respiratórios. Entre os mais comuns estão:
- Rinite alérgica: caracterizada por espirros, coriza, obstrução nasal e coceira nos olhos, nariz e garganta. É uma das condições mais comuns associadas à exposição a alérgenos como ácaros e mofo.
- Asma: em pessoas asmáticas, o contato com esses agentes pode provocar crises com chiado no peito, tosse seca e falta de ar.
- Sinusite: a inflamação dos seios da face também pode ser agravada por alérgenos presentes no ambiente, dificultando ainda mais a respiração e provocando dores de cabeça e pressão facial.
Além disso, pessoas com dermatite atópica ou sensibilidade na pele podem desenvolver reações cutâneas ao vestirem roupas contaminadas.
Quem está mais vulnerável?
Embora qualquer pessoa possa apresentar reações ao entrar em contato com roupas mofadas ou com ácaros, alguns grupos são mais suscetíveis aos efeitos desses micro-organismos:
- Crianças pequenas
- Idosos
- Pessoas com doenças respiratórias crônicas
- Imunossuprimidos (pessoas com o sistema imunológico enfraquecido)
Nesses casos, o cuidado com a limpeza e o armazenamento das roupas deve ser ainda mais rigoroso.
Como evitar a proliferação de ácaros e mofo nas roupas?
Adotar alguns cuidados simples no dia a dia pode fazer toda a diferença na prevenção de alergias causadas por roupas guardadas. Veja algumas dicas práticas:
1. Lave as roupas antes de guardar
Mesmo que pareçam limpas, roupas usadas podem conter resíduos de suor, células mortas e gordura da pele, que servem de alimento para ácaros. Portanto, lave bem as peças antes de guardá-las por longos períodos.
2. Guarde apenas roupas completamente secas
A umidade é o fator principal para o surgimento de mofo. Por isso, nunca armazene roupas que estejam minimamente úmidas. Certifique-se de que estão completamente secas antes de dobrá-las e colocá-las no guarda-roupa ou em caixas.
3. Utilize embalagens apropriadas
Prefira sacos de tecido, TNT ou algodão em vez de plásticos fechados, que impedem a ventilação e favorecem o acúmulo de umidade. Se optar por sacos plásticos, certifique-se de incluir um sachê antimofo ou sílica gel dentro.
4. Evite locais abafados e mal ventilados
Armários encostados em paredes úmidas ou com pouco contato com a luz solar são mais propensos a desenvolver mofo. Mantenha os armários limpos, abertos com frequência e, se possível, exponha-os à luz natural.
5. Use produtos antimofo
Existem no mercado diversas opções de produtos que ajudam a controlar a umidade, como potes desumidificadores, sachês de cravo-da-índia ou carvão ativado. Além de práticos, eles são eficazes na prevenção de odores e manchas.
6. Lave as roupas antes de usá-las novamente
Mesmo com todos os cuidados, ao retirar roupas que ficaram guardadas por muito tempo, o ideal é lavá-las novamente antes de vestir. Isso ajuda a eliminar ácaros, poeira acumulada e possíveis resíduos de mofo.
Cuidados extras no inverno
O inverno é uma época em que o uso de roupas guardadas por longos períodos se intensifica. Casacos, mantas e cobertores geralmente ficam armazenados durante meses, o que aumenta o risco de contaminação. Por isso, redobre os cuidados com essas peças:
- Deixe casacos e cobertores ao sol antes de usá-los.
- Bata as peças vigorosamente para remover o excesso de poeira.
- Dê preferência ao uso de secadoras ou vapor para eliminar ácaros antes de vestir as roupas.
- Utilize capas de proteção laváveis em edredons e mantas, facilitando a higienização frequente.
Quando buscar ajuda médica?
Se os sintomas respiratórios se tornarem frequentes ao utilizar roupas guardadas, é importante procurar um médico, que pode ser clínico, otorrinolaringologista, alergologista ou pneumologista. O diagnóstico adequado permite identificar os gatilhos da alergia e iniciar o tratamento correto, que pode incluir medicações antialérgicas, sprays nasais e até vacinas específicas (imunoterapia).
Além disso, manter o ambiente doméstico limpo, arejado e livre de alérgenos é parte essencial do controle da rinite e outras condições respiratórias.
Roupas limpas, saúde protegida
Manter as roupas armazenadas de forma adequada é uma medida simples que pode evitar diversos problemas de saúde. A atenção aos detalhes, como lavar, secar bem e escolher embalagens apropriadas, contribui significativamente para o bem-estar da sua família, principalmente durante as estações mais frias do ano.
Investir em prevenção é sempre o melhor caminho. Ao cuidar das roupas com responsabilidade, você também está cuidando da sua saúde.