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    Só alimentos ricos em vitamina C previnem contra gripes e resfriados?

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    Com a chegada das estações mais frias do ano, é comum que os casos de gripes e resfriados aumentem. Nessa época, cresce também o consumo de alimentos ricos em vitamina C, como laranja, limão, acerola e kiwi, baseando-se na crença de que essa vitamina tem o poder de prevenir infecções respiratórias. Mas será que contar apenas com a vitamina C é suficiente para blindar o organismo contra vírus e bactérias?

    A vitamina C realmente previne gripes e resfriados?

    A vitamina C, ou ácido ascórbico, é um nutriente essencial ao bom funcionamento do organismo. Ela atua como um poderoso antioxidante, ajudando a combater os radicais livres, participa da síntese de colágeno e contribui para a absorção do ferro. No entanto, quando o assunto é prevenção de gripes e resfriados, os benefícios da vitamina C são frequentemente superestimados.

    Estudos científicos, como os revisados pelo médico Dráuzio Varella, indicam que a suplementação de vitamina C pode até reduzir a duração dos sintomas de gripes e resfriados, mas seus efeitos preventivos são limitados. Em outras palavras, quem consome regularmente vitamina C pode até ficar menos tempo doente, mas isso não significa que a vitamina impeça a infecção de acontecer.

    A importância do consumo regular e não apenas pontual

    Um erro comum é aumentar o consumo de vitamina C somente quando os sintomas já começaram ou quando há uma exposição iminente ao frio. No entanto, os benefícios da vitamina C para a imunidade estão mais associados ao consumo contínuo e adequado, e não à ingestão pontual em momentos de crise.

    O organismo não consegue armazenar grandes quantidades de vitamina C, já que ela é hidrossolúvel, ou seja, o excesso é eliminado pela urina. Por isso, é fundamental manter uma alimentação balanceada e rica em fontes naturais da vitamina ao longo do ano, para que o sistema imunológico esteja sempre fortalecido.

    Qual é a quantidade ideal de vitamina C por dia?

    Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a recomendação diária de vitamina C para adultos gira em torno de 75 mg para mulheres e 90 mg para homens. Para atingir essa meta, não é necessário recorrer a suplementos. Uma única porção de acerola, por exemplo, pode conter até 1600 mg de vitamina C, muito além do necessário.

    Outras boas fontes de vitamina C incluem:

    • Laranja
    • Limão
    • Kiwi
    • Morango
    • Goiaba
    • Brócolis
    • Pimentão vermelho
    • Couve

    Consumir esses alimentos frescos, de preferência crus ou minimamente cozidos, ajuda a preservar o teor da vitamina, que pode ser perdida com o calor.

    Vitamina C sozinha não basta: imunidade depende de outros fatores

    Embora a vitamina C desempenhe um papel relevante no sistema imunológico, ela não é a única responsável por manter o corpo protegido. A imunidade é resultado de um conjunto de fatores, incluindo:

    Alimentação variada e equilibrada

    Uma dieta rica em frutas, legumes, verduras, cereais integrais e proteínas de qualidade fornece ao organismo todos os nutrientes necessários para que as células de defesa funcionem adequadamente. Além da vitamina C, vitaminas A, D, E, zinco e selênio são fundamentais para a imunidade.

    Qualidade do sono

    Dormir mal enfraquece a resposta imune, tornando o organismo mais vulnerável a infecções. O ideal é dormir de 7 a 9 horas por noite, com qualidade e regularidade.

    Prática de atividade física

    Exercícios regulares ajudam a melhorar a circulação sanguínea, facilitam o transporte de células de defesa e reduzem os níveis de estresse, outro fator que compromete a imunidade.

    Hidratação adequada

    Beber água em quantidade suficiente mantém o bom funcionamento do organismo como um todo, incluindo o sistema imune.

    Higiene e cuidados preventivos

    Lavar as mãos com frequência, evitar ambientes fechados e aglomerações em épocas de surtos, manter as vacinas em dia e usar máscara em locais de risco são atitudes que também ajudam a evitar a contaminação por vírus respiratórios.

    E os suplementos de vitamina C?

    Para a maioria das pessoas saudáveis, não há necessidade de suplementação de vitamina C, desde que a alimentação seja equilibrada. No entanto, em algumas situações específicas, como em casos de deficiência diagnosticada, tabagismo ou dietas restritivas, o uso de suplementos pode ser indicado por um profissional de saúde.

    Vale lembrar que o uso indiscriminado de suplementos pode trazer riscos. Doses muito elevadas de vitamina C podem causar efeitos adversos, como diarreia, náuseas, cólicas abdominais e, em casos mais raros, formação de cálculos renais.

    O papel das vacinas na prevenção da gripe

    Nenhum alimento ou suplemento, por mais saudável que seja, substitui a eficácia das vacinas. A vacinação anual contra o vírus influenza é uma das medidas mais seguras e eficazes para prevenir a gripe, especialmente em grupos de risco como idosos, gestantes, crianças pequenas e pessoas com doenças crônicas.

    As vacinas estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos específicos contra os vírus da gripe, oferecendo proteção mesmo em situações de maior exposição. Manter o cartão de vacinação atualizado é uma atitude essencial para a saúde individual e coletiva.

    O equilíbrio é a chave da prevenção

    É verdade que a vitamina C tem seu valor para o sistema imunológico, mas confiar apenas nesse nutriente para evitar gripes e resfriados é um erro comum. A prevenção eficaz depende de uma combinação de hábitos saudáveis, alimentação rica em nutrientes variados, sono adequado, exercícios físicos e medidas de higiene. Além disso, a vacinação continua sendo uma das estratégias mais eficazes na luta contra os vírus respiratórios.

    Portanto, incluir alimentos ricos em vitamina C na dieta é importante, mas eles devem fazer parte de um conjunto de cuidados que fortalecem o organismo como um todo.

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