A audição é um dos sentidos mais importantes para a comunicação, o aprendizado e a interação com o mundo ao nosso redor. No entanto, muitas vezes ela só recebe atenção quando algum problema aparece. Manter a saúde auditiva em dia deve ser uma prioridade em todas as idades — da infância à terceira idade — para garantir qualidade de vida, bem-estar e até mesmo a saúde emocional.
Por que a saúde auditiva merece atenção?
A perda auditiva pode afetar significativamente a vida de uma pessoa. Em crianças, ela pode prejudicar o desenvolvimento da fala e da linguagem. Nos adultos, compromete a produtividade e a socialização. Em idosos, está associada ao isolamento social, depressão e até ao declínio cognitivo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1 bilhão de jovens estão em risco de perda auditiva por causa da exposição prolongada a sons altos, como fones de ouvido em volume excessivo. Já entre os idosos, estima-se que cerca de um terço apresente algum grau de deficiência auditiva a partir dos 65 anos.
Ou seja, cuidar da audição é uma questão de saúde pública — e deve começar desde cedo.
Principais causas da perda auditiva
A perda auditiva pode ter diversas origens. Entre as mais comuns, estão:
- Exposição a ruídos intensos: sons acima de 85 decibéis, como shows, ferramentas industriais ou música alta em fones de ouvido, podem causar danos permanentes às células sensoriais da audição.
- Infecções e inflamações no ouvido: otites frequentes, principalmente na infância, comprometem a audição se não forem tratadas adequadamente.
- Envelhecimento natural: com o avanço da idade, ocorre um desgaste progressivo das estruturas do ouvido interno.
- Uso de medicamentos: certos antibióticos, diuréticos e medicamentos quimioterápicos podem afetar a audição.
- Fatores genéticos ou congênitos: algumas perdas auditivas têm origem hereditária ou estão presentes desde o nascimento.
Hábitos que ajudam a manter a saúde auditiva em dia
Pequenas atitudes no dia a dia podem fazer grande diferença na prevenção de problemas auditivos. Veja algumas dicas importantes:
1. Controle o volume dos fones de ouvido
Evite usar fones de ouvido em volumes altos, especialmente por períodos prolongados. O ideal é que o volume não ultrapasse 60% da capacidade do dispositivo, e que o uso seja limitado a no máximo 60 minutos por vez, com intervalos entre as sessões.
2. Proteja os ouvidos em ambientes ruidosos
Se você trabalha ou frequenta locais com muito barulho, como fábricas, obras ou eventos com som alto, utilize protetores auriculares. Eles ajudam a reduzir a exposição e a proteger as estruturas do ouvido interno.
3. Não introduza objetos no canal auditivo
Cotonetes, tampas de caneta, grampos e outros objetos podem causar lesões internas e empurrar a cera para dentro do canal auditivo, gerando bloqueios e infecções. A limpeza dos ouvidos deve ser feita de forma superficial e, se necessário, com orientação médica.
4. Trate infecções com seriedade
Qualquer sinal de dor, secreção ou sensação de ouvido tampado deve ser avaliado por um médico otorrinolaringologista. Infecções repetidas ou mal tratadas podem comprometer permanentemente a audição.
5. Evite a automedicação
Alguns medicamentos, mesmo os de uso comum, podem ser ototóxicos, ou seja, prejudiciais à audição. Sempre consulte um profissional antes de iniciar qualquer tratamento, especialmente se você já tem alguma condição auditiva.
6. Faça exames auditivos regularmente
A audiometria é o exame que avalia a capacidade auditiva e pode detectar perdas auditivas em estágio inicial. Recomenda-se fazer uma avaliação anual, principalmente em pessoas com mais de 60 anos ou com histórico de exposição ao ruído.
Cuidados auditivos em diferentes fases da vida
Na infância
Durante os primeiros anos de vida, a audição é essencial para o desenvolvimento da linguagem e da aprendizagem. A triagem auditiva neonatal — conhecida como “teste da orelhinha” — é obrigatória nos hospitais e deve ser realizada nas primeiras semanas de vida.
Pais e responsáveis devem ficar atentos a sinais como falta de reação a sons, atraso na fala e dificuldades escolares. Nesses casos, uma avaliação com fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista é fundamental.
Na adolescência e idade adulta
É nessa fase que aumentam os hábitos de risco, como uso excessivo de fones de ouvido e frequentar shows e festas com som muito alto. A conscientização sobre os danos que o excesso de ruído pode causar é essencial para prevenir perdas auditivas futuras.
Também é importante estar atento a zumbidos nos ouvidos (tinnitus), que podem ser um sinal precoce de danos auditivos.
Na terceira idade
Com o avanço da idade, é comum ocorrer uma perda auditiva gradual, que pode passar despercebida. Muitas vezes, o idoso começa a pedir que repitam frases ou aumenta o volume da TV constantemente. Esses sinais não devem ser ignorados.
O uso de aparelhos auditivos pode ser indicado e melhora significativamente a qualidade de vida, além de reduzir riscos associados à perda de audição, como isolamento e declínio cognitivo.
Quando procurar um especialista
A consulta com um otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo é indicada sempre que surgirem sintomas como:
- Dificuldade para ouvir ou compreender palavras;
- Sensação de ouvido tampado;
- Zumbido persistente;
- Dor ou secreção no ouvido;
- Histórico familiar de surdez;
- Exposição frequente a ruídos intensos.
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores as chances de reverter ou minimizar os impactos da perda auditiva.
A importância da conscientização sobre saúde auditiva
Cuidar da audição é cuidar da comunicação, da interação social e da saúde mental. Muitas perdas auditivas são evitáveis com medidas simples e acompanhamento adequado. A conscientização da população, aliada a políticas públicas de prevenção, pode contribuir para um envelhecimento mais saudável e uma melhor qualidade de vida para todos.
A audição é um bem precioso — e deve ser preservada com o mesmo zelo que dedicamos a outros aspectos da saúde.
