Com o avanço da tecnologia e a popularização dos dispositivos digitais, é cada vez mais comum passar longas horas diante de telas — seja no trabalho, nos estudos ou no lazer. No entanto, esse hábito pode ter consequências diretas na saúde dos olhos. Sintomas como visão embaçada, olhos secos e dores de cabeça recorrentes podem ser sinais de alerta para consultar um oftalmologista.
Mas afinal, quanto tempo de tela é considerado seguro? Quais os impactos do uso excessivo na visão? E qual a importância de um acompanhamento oftalmológico regular, especialmente em tempos tão digitais?
O que o excesso de tela causa na visão?
O uso prolongado de computadores, celulares, tablets e outros dispositivos pode desencadear uma condição conhecida como Síndrome da Visão de Computador (SVC), também chamada de fadiga ocular digital. De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, essa síndrome é caracterizada por um conjunto de sintomas que afetam principalmente quem passa mais de duas horas seguidas em frente às telas.
Os sintomas mais comuns incluem:
- Ardência nos olhos
- Visão turva ou embaçada
- Sensação de olho seco
- Lacrimejamento excessivo
- Dor de cabeça e tensão nos ombros e pescoço
Além disso, a exposição contínua à luz azul emitida pelas telas pode prejudicar o ciclo do sono e, a longo prazo, causar alterações na retina.
Tempo recomendado de uso de telas por faixa etária
O tempo de exposição às telas deve ser controlado, principalmente entre crianças e adolescentes, cujos olhos ainda estão em desenvolvimento. Segundo orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria e entidades oftalmológicas:
- Até 2 anos: nenhuma exposição a telas.
- De 2 a 5 anos: no máximo 1 hora por dia, com supervisão.
- De 6 a 10 anos: até 2 horas por dia, evitando telas antes de dormir.
- Adolescentes e adultos: uso moderado e com pausas regulares, especialmente em atividades prolongadas.
Respeitar esses limites pode prevenir problemas de visão e reduzir o risco de miopia, que vem crescendo de forma significativa entre crianças que passam muito tempo em ambientes fechados, com pouca luz natural.
Miopia e telas: qual a relação?
O aumento dos casos de miopia nas últimas décadas preocupa especialistas do mundo todo. Segundo estudos recentes, o uso excessivo de telas está diretamente ligado ao avanço da miopia, principalmente entre jovens. A explicação está no esforço contínuo da visão de perto, associado à falta de exposição à luz natural, fator importante para o desenvolvimento saudável da visão.
A miopia é uma condição em que a pessoa enxerga bem de perto, mas tem dificuldade de enxergar objetos à distância. Quando não tratada, ela pode evoluir para graus mais elevados e causar complicações como descolamento de retina e até perda da visão.
Por isso, controlar o tempo de tela e incentivar atividades ao ar livre são medidas essenciais para prevenir o avanço da miopia na infância e adolescência.
Quando é necessário consultar um oftalmologista?
A recomendação dos especialistas é que o acompanhamento com o oftalmologista comece ainda na infância e continue regularmente ao longo da vida, mesmo que a pessoa não tenha sintomas.
Em geral, os intervalos recomendados são:
- Crianças: a primeira consulta deve ocorrer até 1 ano de idade, depois aos 4 anos e antes da entrada na escola. Após isso, o ideal é visitar o oftalmologista uma vez por ano.
- Adultos sem problemas de visão: uma consulta a cada dois anos é suficiente.
- Pessoas com diagnóstico de doenças oculares ou que usam óculos/lentes: consultas anuais ou conforme orientação médica.
Alguns sinais indicam a necessidade de uma avaliação mais urgente:
- Dificuldade para enxergar de longe ou de perto
- Necessidade de forçar a vista para ler
- Lacrimejamento constante
- Dores de cabeça frequentes
- Sensibilidade à luz
Não espere os sintomas se agravarem. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações e garantir a saúde ocular a longo prazo.
Dicas para proteger os olhos durante o uso de telas
Mesmo que o uso de dispositivos seja inevitável no dia a dia, é possível adotar hábitos saudáveis para reduzir os impactos na visão:
1. Regra 20-20-20
A cada 20 minutos de uso de tela, olhe para algo a 20 pés (cerca de 6 metros) de distância por 20 segundos. Essa pausa ajuda a reduzir a fadiga ocular.
2. Piscar com frequência
Durante o uso de telas, piscamos menos do que o normal, o que pode causar ressecamento ocular. Lembre-se de piscar com frequência para manter os olhos lubrificados.
3. Ajuste da iluminação
Evite usar telas em ambientes escuros e ajuste o brilho para que fique confortável aos olhos. Luzes muito fortes ou reflexos diretos também devem ser evitados.
4. Distância adequada
Mantenha uma distância de pelo menos 40 cm entre os olhos e a tela do celular ou tablet. No caso de monitores, o ideal é posicioná-los ligeiramente abaixo da linha dos olhos.
5. Uso de filtros de luz azul
Muitos dispositivos já possuem a função de filtro de luz azul, que pode ser ativada principalmente à noite, para reduzir o impacto sobre o sono e a retina.
Saúde ocular: um cuidado que vai além da visão
Manter o acompanhamento oftalmológico em dia não é apenas uma forma de corrigir problemas de visão, mas também de prevenir doenças oculares silenciosas, como o glaucoma e a degeneração macular. Esses problemas podem evoluir sem apresentar sintomas nas fases iniciais, e o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso do tratamento.
Além disso, o exame oftalmológico pode indicar sinais de outras condições de saúde, como diabetes e hipertensão, já que os olhos refletem aspectos do funcionamento de todo o organismo.
O tempo de uso de telas precisa ser controlado com responsabilidade, principalmente em crianças e adolescentes. Os impactos na saúde ocular são reais e podem trazer consequências duradouras se não forem acompanhados por um profissional. Estabelecer limites, fazer pausas e visitar o oftalmologista regularmente são atitudes simples, mas poderosas, para manter a visão saudável em um mundo digital.
Priorize o cuidado com os olhos da mesma forma que você cuida de outras áreas da saúde. Afinal, enxergar bem é essencial para viver com mais qualidade, autonomia e bem-estar.