O câncer do colo do útero é uma das principais causas de morte entre as mulheres no Brasil, mas também é uma das formas de câncer mais preveníveis. A combinação entre exames ginecológicos regulares, como o Papanicolau, e a vacinação contra o HPV pode reduzir drasticamente o risco de desenvolvimento da doença. A prevenção, nesse caso, não é apenas uma escolha, mas uma poderosa ferramenta de proteção à saúde feminina.
O que é o câncer do colo do útero?
O câncer do colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é causado pela infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV), um vírus transmitido principalmente por via sexual. Existem mais de 150 tipos de HPV, mas os subtipos 16 e 18 são os principais responsáveis pelo desenvolvimento de lesões que podem evoluir para o câncer.
O colo do útero é a parte inferior do útero que se conecta à vagina. Quando infectado pelo HPV, o tecido cervical pode sofrer alterações celulares que, com o tempo e sem tratamento, tornam-se malignas. Essas alterações podem ser identificadas precocemente por meio de exames de rotina, o que reforça a importância da prevenção.
A importância do exame Papanicolau
O Papanicolau é o exame ginecológico que detecta alterações nas células do colo do útero antes mesmo de surgirem sintomas. Por isso, ele é considerado o principal exame de rastreamento para o câncer cervical.
Segundo o Ministério da Saúde, o exame deve ser realizado por mulheres entre 25 e 64 anos que já iniciaram a vida sexual. A recomendação é que os dois primeiros exames sejam feitos com um intervalo de um ano. Se os resultados forem normais, o exame pode passar a ser feito a cada três anos.
Mesmo sendo um procedimento simples, rápido e gratuito pelo SUS, muitas mulheres ainda negligenciam esse cuidado. A adesão ao Papanicolau ainda está abaixo do ideal em diversas regiões do país, o que contribui para o diagnóstico tardio e o aumento da mortalidade.
Vacinação contra o HPV: proteção desde cedo
A vacina contra o HPV é uma das formas mais eficazes de prevenir o câncer do colo do útero. Ela protege contra os tipos de vírus mais associados ao desenvolvimento de lesões pré-cancerígenas e tumores malignos.
No Brasil, o imunizante está disponível gratuitamente no SUS e é indicado para:
- Meninas e meninos de 9 a 14 anos (faixa etária com maior resposta imunológica)
- Pessoas imunossuprimidas entre 9 e 45 anos
- Pessoas que vivem com HIV/Aids ou que foram transplantadas
A vacinação é mais eficaz quando administrada antes do início da vida sexual, justamente porque é nesse período que o corpo responde melhor à imunização e ainda não teve contato com o vírus.
Infelizmente, a taxa de cobertura vacinal contra o HPV no Brasil ainda está abaixo da meta preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 90% de imunização para meninas até os 15 anos. Campanhas de conscientização são fundamentais para reverter esse cenário e reforçar a segurança e os benefícios da vacina.
Prevenção combinada: exames e vacinação se complementam
É importante destacar que a vacinação não substitui os exames preventivos. Mesmo mulheres vacinadas devem continuar realizando o Papanicolau, já que a vacina não cobre todos os subtipos do HPV oncogênico e não protege contra infecções que já estejam instaladas.
Portanto, a prevenção do câncer do colo do útero exige uma abordagem combinada:
- Vacinação precoce para prevenir o contato com os tipos mais perigosos de HPV
- Exames periódicos para detectar qualquer alteração celular no início
- Acompanhamento médico para tratamento imediato em caso de lesões ou infecções
Esse tripé é essencial para reduzir significativamente os índices da doença no país.
Sinais de alerta: quando procurar ajuda médica
Nos estágios iniciais, o câncer do colo do útero pode não apresentar sintomas, o que torna o diagnóstico precoce ainda mais necessário. À medida que a doença evolui, alguns sinais podem surgir, como:
- Sangramento vaginal fora do período menstrual
- Dor durante as relações sexuais
- Corrimento com odor forte
- Dor pélvica persistente
Caso algum desses sintomas apareça, é fundamental buscar orientação médica o quanto antes. O diagnóstico precoce aumenta as chances de tratamento eficaz e cura.
Impactos do diagnóstico tardio
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 17 mil novos casos de câncer do colo do útero são diagnosticados anualmente no Brasil. Em muitos desses casos, o diagnóstico ocorre tardiamente, quando o tumor já está em estágio avançado, o que dificulta o tratamento e reduz as chances de recuperação.
O diagnóstico precoce, por outro lado, permite intervenções menos invasivas e maior possibilidade de cura. Isso reforça a importância de manter os exames em dia, mesmo quando não há sintomas aparentes.
Cuidados contínuos ao longo da vida
A prevenção do câncer cervical deve começar na adolescência, com a vacinação, e continuar ao longo da vida com exames de rotina. Além disso, é essencial promover a educação sexual desde cedo, esclarecendo dúvidas sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), uso de preservativos e a importância do autocuidado.
Mulheres que já passaram da faixa etária para vacinação também devem ser orientadas a realizar os exames de forma regular e a manter consultas ginecológicas periódicas, especialmente após os 40 anos, quando os riscos aumentam.
Um compromisso com a saúde feminina
O câncer do colo do útero é uma doença evitável e, quando detectado precocemente, tem altas chances de cura. Por isso, é fundamental que as mulheres entendam a importância de cuidar da sua saúde de forma contínua, com responsabilidade e informação.
Investir na vacinação das crianças, fazer exames regularmente e manter um diálogo aberto com profissionais de saúde são atitudes que salvam vidas. A prevenção está ao alcance de todas – e pode fazer toda a diferença no futuro.