Com a chegada das estações mais úmidas e chuvosas, é comum observar um aumento nos casos de micoses e outros problemas de pele. A combinação de calor e umidade cria um ambiente propício para a proliferação de fungos e bactérias, especialmente em áreas do corpo que permanecem abafadas ou com suor acumulado.
Apesar de muitas dessas infecções parecerem inofensivas à primeira vista, o tratamento inadequado ou a negligência podem agravar o quadro e até levar a complicações. Por isso, entender os sinais e saber quando procurar ajuda médica é essencial para cuidar da saúde da pele.
Por que o tempo úmido favorece micoses e infecções cutâneas?
Durante períodos de muita umidade, como no verão ou em dias chuvosos, o corpo transpira mais, e a evaporação do suor é dificultada. Isso faz com que certas regiões — como axilas, virilhas, entre os dedos dos pés e dobras da pele — fiquem constantemente úmidas.
Esse cenário é ideal para a multiplicação de fungos dermatófitos, responsáveis pelas micoses superficiais mais comuns. Além disso, o uso prolongado de roupas molhadas, como biquínis, sungas e meias úmidas, agrava o problema, aumentando o risco de infecções cutâneas.
O que são micoses e quais os tipos mais comuns?
As micoses são infecções causadas por fungos que afetam a pele, unhas e couro cabeludo. São doenças contagiosas e, na maioria das vezes, superficiais, mas que podem se tornar persistentes se não tratadas corretamente.
Os tipos mais frequentes incluem:
- Tínea interdigital (pé de atleta): comum entre os dedos dos pés, provoca descamação, coceira e mau odor.
- Tínea corporis (micose do corpo): aparece como manchas vermelhas arredondadas e com bordas elevadas.
- Tínea cruris (micose da virilha): coceira intensa, vermelhidão e descamação na região das virilhas.
- Candidíase cutânea: causada por fungos do gênero Candida, afeta principalmente áreas úmidas do corpo, como axilas e dobras.
- Onicomicose: infecção nas unhas, que pode deixá-las amareladas, deformadas e quebradiças.
Sinais de alerta: quando a micose precisa de atenção médica?
Embora muitas pessoas recorram à automedicação com antifúngicos tópicos vendidos sem receita, nem sempre isso é suficiente para resolver o problema. Em alguns casos, o uso inadequado pode mascarar os sintomas e dificultar o diagnóstico correto.
Veja alguns sinais que indicam a necessidade de procurar um dermatologista:
- Lesões que aumentam de tamanho mesmo com tratamento caseiro
- Coceira intensa que não melhora com o tempo
- Descamação persistente, rachaduras ou feridas abertas
- Mudanças na cor, textura ou formato das unhas
- Dor, inflamação ou sinais de infecção secundária (como pus)
Se a micose estiver associada a outras doenças de base, como diabetes ou imunossupressão, o acompanhamento médico é ainda mais importante, já que o risco de complicações é maior.
Como prevenir micoses durante os períodos úmidos?
A prevenção ainda é a melhor maneira de evitar o desconforto e os riscos associados às micoses. Alguns cuidados simples no dia a dia podem fazer toda a diferença, principalmente nas épocas mais propícias ao surgimento desses problemas.
Confira algumas orientações preventivas:
- Mantenha a pele sempre seca: seque bem as dobras da pele após o banho, especialmente entre os dedos dos pés.
- Use roupas leves e arejadas: evite peças apertadas e tecidos sintéticos que dificultam a ventilação da pele.
- Evite ficar com roupas molhadas por muito tempo: troque o traje de banho logo após sair da água.
- Higienize calçados e meias com frequência: sapatos fechados devem ser alternados para que sequem completamente entre os usos.
- Use chinelos em locais públicos úmidos: piscinas, saunas e vestiários são focos comuns de fungos.
- Evite compartilhar objetos pessoais: como toalhas, calçados, lâminas e cortadores de unha.
O papel do dermatologista no diagnóstico e tratamento
O dermatologista é o profissional mais indicado para avaliar lesões de pele suspeitas, realizar o diagnóstico correto e indicar o tratamento mais eficaz para cada tipo de micose. Em alguns casos, pode ser necessário fazer exames laboratoriais, como raspagem da pele ou análise da unha, para identificar o agente causador da infecção.
O tratamento pode envolver o uso de medicamentos antifúngicos tópicos (cremes, loções ou sprays) ou orais, dependendo da extensão da lesão e da resposta do paciente. Casos mais resistentes exigem acompanhamento prolongado e ajuste da terapia.
Além disso, o dermatologista pode orientar o paciente sobre medidas de prevenção e cuidados com a pele para evitar recorrências.
Problemas de pele que se agravam com a umidade e não são micoses
Nem todo problema de pele no tempo úmido é causado por fungos. Algumas condições dermatológicas podem ser confundidas com micoses, mas exigem outro tipo de tratamento. Entre elas:
- Dermatite seborreica: provoca escamas amareladas, principalmente no couro cabeludo e na face.
- Intertrigo: inflamação das dobras da pele causada pelo atrito e umidade excessiva.
- Brotoeja (miliária): mais comum em bebês, provoca bolinhas e coceira devido ao suor retido nas glândulas sudoríparas.
- Psoríase e eczema: doenças autoimunes que também causam placas vermelhas e descamação.
Por isso, o autodiagnóstico pode ser arriscado. O ideal é buscar avaliação médica diante de qualquer lesão persistente ou desconforto incomum na pele.
Micoses e outros problemas de pele são mais comuns em épocas úmidas, mas com cuidados adequados, é possível prevenir grande parte das infecções. A atenção à higiene, o uso de roupas adequadas e a secagem correta do corpo são atitudes simples que fazem a diferença no dia a dia.
No entanto, se os sintomas persistirem ou piorarem, é essencial procurar um dermatologista para garantir o diagnóstico preciso e o tratamento correto. Afinal, cuidar da pele é parte fundamental da saúde como um todo.