O diagnóstico precoce do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é essencial para garantir o desenvolvimento saudável e a inclusão das crianças com autismo. No entanto, muitos pais e responsáveis ainda não sabem ao certo quais são os principais sinais de alerta que podem indicar a presença do transtorno nos primeiros anos de vida.
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como a pessoa se comunica, interage socialmente, percebe o mundo e se comporta. O termo “espectro” se refere à grande variedade de manifestações do transtorno, que podem ser mais leves ou mais severas.
As causas do autismo ainda não são totalmente compreendidas, mas acredita-se que fatores genéticos, neurológicos e ambientais possam contribuir para o seu desenvolvimento.
Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que uma em cada 36 crianças esteja dentro do espectro autista, o que torna essencial que famílias e profissionais estejam atentos aos sinais desde os primeiros meses de vida.
Por que a detecção precoce é tão importante?
Identificar o TEA ainda nos primeiros anos de vida faz toda a diferença para o desenvolvimento da criança. Com um diagnóstico precoce, é possível iniciar intervenções terapêuticas adequadas que favorecem a aquisição de habilidades sociais, cognitivas, comunicativas e motoras.
Além disso, o suporte à família se torna mais eficiente, o que contribui para uma convivência mais acolhedora e menos desafiadora. Quanto mais cedo o tratamento começar, melhores são os resultados a longo prazo.
Sinais de alerta nos primeiros 12 meses de vida
Durante o primeiro ano de vida, alguns comportamentos podem chamar a atenção dos pais ou cuidadores. Nem sempre esses sinais significam que a criança está dentro do espectro, mas é fundamental acompanhar de perto e buscar avaliação profissional caso persistam.
Confira alguns dos sinais de alerta até 1 ano de idade:
- Pouco ou nenhum contato visual com os pais ou outras pessoas;
- Não responder ao próprio nome, mesmo após repetidas tentativas;
- Ausência de sorriso social (aquele sorriso espontâneo em resposta a interações);
- Pouca ou nenhuma reação a sons, vozes ou estímulos visuais;
- Falta de interesse em brincadeiras sociais, como “cadê-achou”.
Sinais entre 1 e 2 anos: fase crucial de desenvolvimento
A partir do primeiro ano, o bebê começa a explorar mais o ambiente e se comunicar com maior frequência. Quando há indícios de TEA, esses comportamentos podem não surgir ou aparecer de forma atípica.
Fique atento aos seguintes sinais entre 1 e 2 anos:
- Atraso ou ausência no desenvolvimento da fala e da linguagem;
- Pouca iniciativa para interações sociais ou brincadeiras com outras crianças;
- Não apontar para objetos de interesse ou não tentar compartilhar atenção;
- Movimentos repetitivos (como balançar o corpo, bater palmas excessivamente, girar objetos);
- Reações exageradas a sons, texturas, cheiros ou mudanças de rotina.
Comportamentos que podem surgir entre 2 e 3 anos
A partir dos 2 anos, espera-se que a criança comece a desenvolver frases simples e participe de atividades mais complexas de interação social. A ausência ou alteração desses comportamentos pode ser um sinal importante.
Entre os sinais observados entre 2 e 3 anos, destacam-se:
- Dificuldade em formar frases ou em se comunicar verbalmente;
- Pouco interesse por outras crianças ou por jogos simbólicos (como brincar de faz-de-conta);
- Falta de resposta quando chamada pelo nome;
- Rigidez de comportamento, como apego excessivo a rotinas ou objetos específicos;
- Crises de choro ou raiva intensas, sem causa aparente.
Diferenças no comportamento social e na comunicação
As crianças com TEA geralmente têm dificuldades em interpretar expressões faciais, emoções ou regras sociais. Isso pode se refletir em comportamentos como:
- Falta de empatia ou dificuldade em compreender os sentimentos dos outros;
- Dificuldade em manter contato visual durante conversas;
- Fala com tom monótono ou com ritmo incomum;
- Interesse restrito a determinados assuntos ou atividades.
Essas características podem se tornar mais perceptíveis com o passar dos anos, especialmente quando a criança começa a frequentar a escola ou conviver em ambientes sociais mais amplos.
Diagnóstico do TEA: como é feito?
O diagnóstico do transtorno do espectro autista é clínico, baseado na observação do comportamento da criança e em entrevistas com pais e profissionais da saúde. Não há um exame específico que detecte o autismo, o que torna a atenção aos sinais ainda mais importante.
Pediatras, neurologistas, psiquiatras infantis, psicólogos e fonoaudiólogos fazem parte da equipe multidisciplinar envolvida na avaliação. Escalas de desenvolvimento e testes específicos também podem ser utilizados para auxiliar no diagnóstico.
O papel da família e da escola na observação dos sinais
A família é a primeira a notar os comportamentos da criança. Por isso, é fundamental que pais e responsáveis estejam atentos às interações diárias, especialmente nos primeiros anos.
Professores e educadores também exercem papel fundamental, já que observam a criança em contexto social e educacional. Muitos casos de TEA são identificados com a ajuda da escola, onde a comparação com outras crianças da mesma idade torna os sinais mais evidentes.
E se houver suspeita de autismo?
Se os pais ou responsáveis suspeitarem que a criança possa apresentar sinais do espectro autista, o primeiro passo é buscar orientação médica. O pediatra deve ser o profissional inicial de referência, encaminhando para especialistas conforme necessário.
Não é recomendado esperar para ver “se o comportamento melhora com o tempo”. A intervenção precoce é fundamental para proporcionar um desenvolvimento mais pleno e reduzir os impactos do transtorno no futuro.
Convivendo com o diagnóstico: inclusão e qualidade de vida
O diagnóstico de TEA não deve ser encarado como um fim, mas como o início de um novo caminho. Com apoio profissional, escolar e familiar, é possível promover uma vida rica em aprendizado, socialização e bem-estar para a criança.
A inclusão escolar, o acesso a terapias especializadas e o respeito às diferenças são fatores-chave para a construção de uma sociedade mais empática e acolhedora.
Observar, acolher e agir
Identificar sinais de autismo na infância exige sensibilidade, informação e atenção. A detecção precoce é o maior aliado das famílias, permitindo intervenções que fazem toda a diferença no desenvolvimento da criança.
Se você suspeita que algo está diferente no comportamento do seu filho ou de uma criança próxima, não hesite em procurar ajuda. O cuidado começa com a informação certa e o olhar atento.