Você já ouviu um apito, chiado ou zumbido persistente no ouvido, mesmo estando em um ambiente silencioso? Esse som, que parece vir de dentro da cabeça e não tem uma fonte externa real, pode ser sinal de um problema chamado zumbido no ouvido, ou tinnitus. Embora não seja uma doença em si, o zumbido é um sintoma que merece atenção, pois pode estar ligado a diversas condições de saúde — algumas simples, outras mais sérias.
O que é o zumbido no ouvido?
O zumbido no ouvido é a percepção de um som que não tem uma fonte sonora externa. Ele pode ser descrito como um apito, chiado, buzina, assobio ou até som de água corrente, e sua intensidade varia de pessoa para pessoa.
De acordo com a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVS/MS), o zumbido pode afetar um ou os dois ouvidos e, em muitos casos, interfere significativamente na qualidade de vida, afetando o sono, a concentração e o bem-estar emocional.
Causas mais comuns do zumbido
O zumbido é um sintoma multifatorial, ou seja, pode ser provocado por diferentes causas. Entre as mais comuns, destacam-se:
- Exposição prolongada a ruídos altos: trabalhadores da construção civil, músicos, operadores de máquinas e até quem ouve música com fones de ouvido em volume elevado estão mais suscetíveis.
- Perda auditiva relacionada à idade: conhecida como presbiacusia, é comum a partir dos 60 anos.
- Acúmulo de cera no ouvido: o excesso de cerúmen pode obstruir o canal auditivo e causar ruídos.
- Infecções no ouvido: otites ou inflamações também estão entre os gatilhos do zumbido.
- Doenças metabólicas ou vasculares: hipertensão, diabetes, colesterol elevado e problemas de circulação podem influenciar diretamente na saúde auditiva.
- Distúrbios da articulação temporomandibular (ATM): alterações no encaixe da mandíbula podem irradiar ruídos para a região do ouvido.
- Uso de medicamentos ototóxicos: alguns antibióticos, anti-inflamatórios e quimioterápicos podem afetar a audição.
Como identificar se o zumbido é motivo de preocupação?
Nem todo zumbido exige intervenção médica imediata. Em algumas situações, o sintoma aparece de forma esporádica e passageira, como após sair de um show ou exposição a som muito alto. Porém, é importante observar:
- Se o zumbido persiste por mais de 24 a 48 horas;
- Se está associado a perda auditiva, dor de ouvido, tontura ou desequilíbrio;
- Se está presente nos dois ouvidos;
- Se interfere no sono ou nas atividades diárias;
- Se há histórico familiar de problemas auditivos ou metabólicos.
Nesses casos, o ideal é procurar um médico otorrinolaringologista, que fará uma avaliação clínica detalhada e, se necessário, solicitará exames como audiometria, exames de imagem e avaliações laboratoriais.
Diagnóstico do zumbido: cada caso é único
O diagnóstico do zumbido no ouvido deve ser individualizado. Além de exames auditivos, o médico pode investigar fatores metabólicos, hormonais, emocionais e neurológicos que estejam por trás do sintoma.
Uma abordagem multidisciplinar pode ser indicada, envolvendo otorrinolaringologistas, neurologistas, psicólogos, fisioterapeutas e até dentistas — especialmente quando o zumbido está associado à articulação da mandíbula.
Como é feito o tratamento do zumbido?
Atualmente, não existe um único tratamento que sirva para todos os casos. O sucesso no controle ou eliminação do zumbido depende da causa identificada. Entre as principais abordagens estão:
1. Correção da causa de base
Quando o zumbido é causado por infecção, cera acumulada, problemas de pressão arterial ou efeitos colaterais de medicamentos, o tratamento do fator desencadeante geralmente elimina o sintoma.
2. Aparelhos auditivos
Em casos de zumbido associado à perda auditiva, o uso de próteses auditivas pode ajudar a reduzir a percepção do som interno.
3. Terapias sonoras
A chamada terapia de habituação ao zumbido (TRT) utiliza sons neutros (como ruído branco ou sons da natureza) para “disfarçar” o zumbido, ajudando o cérebro a ignorá-lo ao longo do tempo.
4. Acompanhamento psicológico
Como o zumbido afeta o bem-estar emocional, a psicoterapia — especialmente com técnicas de TCC (terapia cognitivo-comportamental) — pode ajudar a reduzir o estresse, a ansiedade e o impacto do sintoma na vida cotidiana.
5. Mudanças no estilo de vida
Redução do consumo de cafeína, sal, álcool, tabaco e alimentos ricos em gordura podem ajudar. Praticar atividade física regular e técnicas de relaxamento também são recomendadas.
6. Medicamentos
Alguns casos podem se beneficiar do uso de ansiolíticos, antidepressivos ou medicamentos específicos, sempre com prescrição e acompanhamento médico.
Zumbido emocional: o impacto do estresse
O fator emocional é cada vez mais reconhecido como gatilho ou intensificador do zumbido. Altos níveis de estresse, ansiedade crônica e distúrbios do sono podem agravar a percepção do som interno.
Por isso, práticas como meditação, ioga, mindfulness e respiração consciente são indicadas como complementares ao tratamento tradicional, ajudando a promover o equilíbrio emocional e o alívio dos sintomas.
A importância da prevenção
Apesar de nem sempre ser possível evitar o zumbido, algumas medidas simples podem reduzir os riscos:
- Use protetores auriculares em ambientes ruidosos;
- Evite usar fones de ouvido em volumes altos por períodos prolongados;
- Mantenha check-ups regulares, especialmente em casos de hipertensão e diabetes;
- Não introduza objetos no ouvido e evite a automedicação;
- Procure ajuda médica ao primeiro sinal de zumbido persistente.
Quando procurar um especialista?
Se o zumbido for recorrente, persistente ou acompanhado de outros sintomas, como tontura, dor, perda auditiva ou desequilíbrio, não adie a consulta com um especialista.
Quanto mais cedo a causa for identificada, maiores são as chances de tratamento eficaz e de evitar complicações mais sérias. O zumbido pode parecer inofensivo, mas quando negligenciado, pode afetar profundamente a saúde mental e a qualidade de vida.