A transfusão de sangue é um procedimento médico fundamental em diversas situações clínicas, ajudando a salvar vidas e a melhorar a qualidade de vida de milhares de pessoas todos os anos. Indispensável em casos de emergência, cirurgias complexas e doenças hematológicas, ela é indicada quando o organismo não consegue produzir ou manter níveis adequados de componentes sanguíneos essenciais, como hemácias, plaquetas e plasma.
O que é a transfusão de sangue?
A transfusão de sangue é um procedimento no qual o paciente recebe sangue ou algum dos seus componentes por via intravenosa. Esse sangue é previamente coletado de doadores voluntários, testado e processado para garantir a segurança e a compatibilidade com o receptor.
Os principais componentes que podem ser transfundidos são:
- Concentrado de hemácias (glóbulos vermelhos): utilizado para aumentar a oxigenação do corpo em casos de anemia ou hemorragias.
- Plaquetas: indicadas em casos de distúrbios de coagulação e em pacientes com baixa contagem de plaquetas.
- Plasma fresco congelado: rico em proteínas e fatores de coagulação, usado em situações de sangramentos graves.
- Crioprecipitado: contém fatores de coagulação específicos, como o fibrinogênio, fundamental para tratar certas doenças hemorrágicas.
Doenças que mais precisam de transfusão sanguínea
Muitas condições clínicas exigem a transfusão como parte do tratamento. Abaixo estão as principais doenças que necessitam desse procedimento:
1. Anemia grave
A anemia ocorre quando há uma queda significativa na quantidade de hemoglobina no sangue, o que reduz a capacidade do corpo de transportar oxigênio. Quando a anemia é intensa e não pode ser revertida apenas com alimentação ou suplementação de ferro, a transfusão de concentrado de hemácias pode ser indicada. Isso é comum em pacientes com:
- Anemia falciforme
- Talassemia
- Anemia aplástica
- Perdas sanguíneas crônicas (por úlceras, menstruação intensa ou doenças gastrointestinais)
2. Hemorragias agudas
Em casos de acidentes, traumas, sangramentos pós-parto ou cirurgias de grande porte, pode haver perda súbita e significativa de sangue. Nesses casos, a transfusão é essencial para estabilizar o paciente e evitar o choque hipovolêmico, que pode levar à morte.
3. Câncer e tratamento oncológico
Pacientes em tratamento de câncer, especialmente os que fazem quimioterapia ou radioterapia, podem apresentar queda acentuada na produção de células sanguíneas pela medula óssea. Transfusões de hemácias e plaquetas são comuns nesse grupo para corrigir a anemia e evitar sangramentos.
4. Doenças hematológicas
Doenças que afetam diretamente a produção ou a função das células do sangue também exigem transfusões frequentes. Alguns exemplos:
- Leucemia: devido à destruição das células normais da medula.
- Síndromes mielodisplásicas: alterações na medula óssea que comprometem a produção de sangue.
- Hemofilia e outras coagulopatias: que exigem reposição de fatores de coagulação, presentes no plasma e no crioprecipitado.
Situações clínicas que requerem transfusão sanguínea
Além das doenças crônicas, existem tratamentos e contextos clínicos pontuais em que a transfusão é indicada. Entre eles:
Cirurgias de grande porte
Procedimentos cirúrgicos que envolvem risco elevado de perda sanguínea, como transplantes, cirurgias cardíacas ou ortopédicas, frequentemente requerem transfusões durante ou após a operação para manter a estabilidade hemodinâmica do paciente.
Complicações obstétricas
Em partos com complicações, como hemorragia pós-parto, descolamento prematuro da placenta ou gravidez ectópica rompida, a transfusão pode ser necessária para salvar a vida da mãe.
Queimaduras graves
Pacientes com queimaduras extensas podem necessitar de transfusão de plasma para manter a estabilidade dos líquidos corporais e ajudar na recuperação do tecido danificado.
Insuficiência hepática
O fígado é o responsável pela produção da maioria dos fatores de coagulação. Em pacientes com insuficiência hepática aguda ou cirrose avançada, pode haver necessidade de transfundir plasma para conter sangramentos.
Como funciona a compatibilidade sanguínea?
Antes de realizar uma transfusão, é fundamental verificar a compatibilidade entre o sangue do doador e do receptor. Isso envolve:
- Tipagem sanguínea ABO e Rh
- Teste de compatibilidade cruzada (prova cruzada)
- Triagem para doenças infecciosas (como HIV, hepatites B e C, sífilis e HTLV)
A incompatibilidade pode gerar reações transfusionais graves, por isso todo o processo é cuidadosamente controlado pelos serviços de hemoterapia.
Benefícios da transfusão para o paciente
A transfusão de sangue é muitas vezes o único recurso capaz de estabilizar pacientes em estado grave. Seus principais benefícios incluem:
- Restauração do volume sanguíneo em casos de hemorragia
- Melhora na oxigenação dos tecidos
- Correção de distúrbios de coagulação
- Prevenção de sangramentos espontâneos em pacientes com plaquetopenia
- Apoio ao tratamento de doenças crônicas debilitantes
Quando a transfusão pode ser evitada?
Em algumas situações, é possível evitar a transfusão com outras estratégias médicas, como:
- Administração de medicamentos que estimulam a produção de glóbulos vermelhos (ex: eritropoetina)
- Suplementação com ferro, ácido fólico ou vitamina B12
- Controle rigoroso de hemorragias com hemostáticos locais e técnicas cirúrgicas menos invasivas
No entanto, em muitos casos, a transfusão continua sendo o método mais eficaz e rápido para salvar vidas.
A importância da doação regular de sangue
Todos os anos, milhões de brasileiros precisam de transfusão de sangue, e a única fonte para esse recurso vital é a doação voluntária. Manter os estoques dos hemocentros abastecidos depende da solidariedade da população.
Uma única doação pode salvar até quatro vidas, pois o sangue é separado em diferentes componentes que podem ser utilizados conforme a necessidade de cada paciente. Portanto, ser um doador é um gesto simples, seguro e que faz toda a diferença.

