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    Exames para detectar intolerâncias alimentares: quais são e quando procurar ajuda

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    Sentir desconforto após as refeições, como inchaço abdominal, gases, diarreia ou dores de cabeça, pode não ser apenas coincidência ou má digestão. Esses sintomas frequentes podem ser sinais de intolerância alimentar, uma condição que afeta a qualidade de vida de muitas pessoas sem que elas saibam exatamente o motivo. Para identificar essas reações do organismo, os exames para detectar intolerâncias alimentares se tornaram ferramentas fundamentais no diagnóstico e no tratamento personalizado.

    O que é intolerância alimentar?

    A intolerância alimentar é uma reação adversa do organismo a determinados alimentos ou substâncias presentes neles, que não envolve o sistema imunológico — diferentemente das alergias alimentares. Essa condição pode ocorrer devido à dificuldade na digestão de algum componente alimentar, como a lactose, o glúten ou determinados aditivos químicos.

    Entre os sintomas mais comuns estão:

    • Distensão abdominal
    • Gases e flatulência
    • Dores de estômago
    • Diarreia ou constipação
    • Dores de cabeça
    • Cansaço excessivo
    • Náuseas

    Esses sinais costumam surgir algumas horas após a ingestão do alimento causador e, por serem relativamente inespecíficos, acabam sendo confundidos com outras condições gastrointestinais. Por isso, os exames diagnósticos são tão importantes para diferenciar e identificar corretamente as intolerâncias.

    Quando é indicado investigar intolerância alimentar?

    É indicado procurar um médico quando há repetição frequente dos sintomas gastrointestinais mencionados, especialmente se eles surgem logo após a ingestão de certos alimentos. Também é comum que pessoas que convivem com sintomas há anos sem diagnóstico procurem ajuda após perceberem melhora ao eliminar certos itens da dieta.

    O acompanhamento com nutricionistas e gastroenterologistas é essencial nesse processo. Eles podem solicitar exames específicos que ajudam a mapear as intolerâncias e construir um plano alimentar adequado, sem riscos de deficiências nutricionais.

    Exames mais comuns para identificar intolerâncias alimentares

    Atualmente, existem diferentes tipos de exames capazes de identificar intolerâncias alimentares. Cada um tem uma metodologia específica e pode ser recomendado conforme os sintomas relatados e o histórico clínico do paciente.

    1. Teste de intolerância à lactose

    Esse é um dos testes mais conhecidos, já que a intolerância à lactose é uma das mais frequentes. O exame pode ser feito por diferentes métodos:

    • Teste de hidrogênio expirado: mede a quantidade de hidrogênio no ar expirado após a ingestão de lactose. A presença elevada indica má digestão.
    • Teste de tolerância à lactose: mede a glicemia após a ingestão de uma solução com lactose. Caso a glicose não aumente como o esperado, há indícios de intolerância.
    • Teste genético: avalia se o paciente possui predisposição genética para desenvolver intolerância à lactose.

    2. Teste para intolerância ao glúten (doença celíaca)

    Embora a intolerância ao glúten e a doença celíaca sejam condições distintas, o diagnóstico de ambas pode começar com exames de sangue que medem anticorpos específicos, como:

    • Anticorpos anti-transglutaminase tecidual (tTG)
    • Anticorpos anti-endomísio (EMA)

    Se houver suspeita forte, pode ser indicada também uma biópsia do intestino delgado para confirmar o diagnóstico.

    Além disso, existe um grupo de pessoas que apresenta sintomas semelhantes aos da doença celíaca, mas que não têm os marcadores sorológicos ou alterações intestinais. É a chamada sensibilidade ao glúten não celíaca, cujo diagnóstico é clínico, baseado na exclusão de outras causas.

    3. Painel de intolerância alimentar por IgG

    Este é um dos testes mais modernos e amplos, utilizado para avaliar a resposta imunológica do organismo a diversos alimentos. Ele é feito por meio da análise do sangue e mede os níveis de anticorpos do tipo IgG (imunoglobulina G) frente a uma grande quantidade de alimentos.

    O teste pode detectar reações alimentares de caráter mais crônico, que nem sempre geram sintomas imediatos, mas afetam o organismo ao longo do tempo. É indicado principalmente quando os sintomas são inespecíficos ou múltiplos.

    Contudo, há controvérsias na comunidade científica sobre a interpretação dos testes de IgG, já que níveis altos dessa imunoglobulina podem, em alguns casos, indicar exposição e não intolerância. Por isso, o resultado deve ser analisado por profissionais especializados, junto ao quadro clínico do paciente.

    4. Teste respiratório para frutose e sorbitol

    Assim como ocorre com a lactose, também é possível realizar testes respiratórios para identificar intolerâncias a outros tipos de carboidratos, como frutose e sorbitol. Esses exames funcionam por meio da medição do hidrogênio exalado, após a ingestão do açúcar suspeito.

    Eles são úteis especialmente para pacientes que apresentam sintomas ao consumir frutas, sucos adoçados ou alimentos industrializados com adoçantes artificiais.

    Como se preparar para os exames?

    A preparação varia conforme o tipo de teste. Alguns exigem jejum prévio, outros recomendam restrição de alimentos ou medicamentos por alguns dias antes do exame. Em testes respiratórios, por exemplo, é importante evitar antibióticos e probióticos nas semanas anteriores, pois eles podem interferir nos resultados.

    Sempre siga as orientações fornecidas pela clínica ou laboratório que realizará o exame, além de esclarecer todas as dúvidas com o profissional de saúde responsável.

    O papel do diagnóstico precoce na qualidade de vida

    Detectar uma intolerância alimentar de forma precoce evita sofrimento desnecessário e reduz os riscos de complicações associadas, como desnutrição, perda de peso, inflamações intestinais e desequilíbrio da microbiota.

    Além disso, com o diagnóstico certo, é possível fazer substituições alimentares seguras e eficazes, promovendo saúde e bem-estar a longo prazo. Com a ajuda de uma equipe multidisciplinar, o paciente pode adequar sua alimentação, garantir todos os nutrientes essenciais e eliminar os sintomas que tanto prejudicam a rotina.

    Intolerância alimentar tem cura?

    A intolerância alimentar, na maioria das vezes, não tem cura definitiva, mas é perfeitamente controlável com ajustes na dieta. Em alguns casos, como na intolerância à lactose, existem enzimas disponíveis que ajudam a digerir o açúcar do leite. Já em outras situações, a única solução é a exclusão total ou parcial do alimento causador.

    O importante é lembrar que cada organismo reage de uma forma e que o acompanhamento com profissionais é essencial para garantir uma alimentação saudável, mesmo com restrições.

    Os exames para detectar intolerâncias alimentares são aliados indispensáveis para quem enfrenta sintomas frequentes e não sabe a causa. Investigar corretamente, com orientação médica e nutricional, é o caminho mais seguro para adotar um estilo de vida mais saudável e equilibrado.

    Evitar o autodiagnóstico e buscar ajuda profissional são passos fundamentais para transformar a relação com os alimentos e viver com mais conforto, energia e qualidade de vida.

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