A prática regular de atividades físicas traz inúmeros benefícios à saúde, como melhora da capacidade cardiovascular, fortalecimento muscular e bem-estar mental. No entanto, quando feita sem os cuidados adequados, ela também pode aumentar o risco de lesões — especialmente entre os atletas amadores, que nem sempre contam com acompanhamento especializado.
Lesões esportivas: uma realidade entre atletas amadores
Diferente dos atletas profissionais, que têm suporte médico, técnico e fisioterapêutico constante, os amadores costumam treinar por conta própria. Essa autonomia, aliada ao desejo de superação e à falta de orientação adequada, pode favorecer o surgimento de lesões, como entorses, distensões musculares, tendinites, fraturas por estresse e dores crônicas.
De acordo com dados compartilhados pela Pfizer, há uma tendência crescente no número de lesões entre praticantes recreativos. Isso se deve, em parte, à popularização de esportes como corrida de rua, crossfit e ciclismo, que exigem preparo físico específico e técnica apurada.
Fatores que aumentam o risco de lesões em atletas amadores
Diversos aspectos contribuem para o surgimento de lesões durante a prática esportiva. Conhecer esses fatores é o primeiro passo para evitá-los:
- Falta de aquecimento e alongamento: entrar direto na atividade sem preparar o corpo pode causar choques musculares e sobrecarga nas articulações.
- Excesso de carga ou intensidade: aumentar o volume de treinos sem respeitar o tempo de adaptação do corpo pode levar a lesões por esforço repetitivo.
- Equipamentos inadequados: calçados desgastados, bicicletas desreguladas ou pesos mal dimensionados comprometem a biomecânica do movimento.
- Desalinhamento postural: má postura e desequilíbrios musculares favorecem lesões, especialmente em atividades de alto impacto.
- Falta de recuperação: o corpo precisa de tempo para se regenerar entre os treinos. Ignorar o descanso pode gerar fadiga e vulnerabilidade física.
A importância do aquecimento e do alongamento
O aquecimento antes da atividade física tem como objetivo elevar a temperatura corporal, melhorar a circulação sanguínea e preparar músculos e articulações para o esforço. Já o alongamento, tanto no início quanto no final do treino, contribui para a flexibilidade muscular, reduz a tensão e ajuda na prevenção de contraturas.
Um bom aquecimento deve incluir movimentos dinâmicos que simulam a prática que será realizada. Por exemplo, corredores podem iniciar com caminhadas rápidas ou trotes leves, enquanto quem pratica musculação pode fazer séries com carga reduzida. O alongamento, por sua vez, deve ser suave e progressivo, sem causar dor.
Respeite seus limites e evite o “efeito fim de semana”
Um dos comportamentos mais comuns entre atletas amadores é o chamado “atleta de fim de semana”: pessoas que passam a semana em atividades sedentárias e, aos sábados e domingos, realizam treinos intensos, muitas vezes sem preparação prévia. Essa prática aumenta significativamente o risco de lesões.
A recomendação dos especialistas é manter uma rotina regular de atividades físicas, com frequência de pelo menos 3 vezes por semana. Isso ajuda a manter o corpo em constante adaptação e reduz o impacto do esforço pontual.
Treinamento funcional e fortalecimento muscular são aliados da prevenção
Uma das estratégias mais eficientes para evitar lesões esportivas é o fortalecimento muscular. Músculos fortes ajudam a proteger tendões, articulações e ossos, além de melhorar o equilíbrio e a estabilidade.
Exercícios funcionais, como agachamentos, pranchas, saltos e exercícios de propriocepção, são ótimos para preparar o corpo para os movimentos específicos do esporte praticado. A orientação de um educador físico é fundamental para montar um plano de treinamento seguro e eficaz.
Ouça o seu corpo: dor não é normal
Muitos atletas amadores acreditam que sentir dor é um sinal de que o treino está funcionando. No entanto, esse é um mito perigoso. A dor é um sinal de que algo não está bem — e ignorá-la pode transformar um pequeno incômodo em uma lesão séria.
Desconfortos leves que persistem por mais de 48 horas, dores intensas ou que pioram com o movimento, sensação de fraqueza ou instabilidade nas articulações devem ser investigados. Nesses casos, o ideal é interromper a prática esportiva e procurar avaliação médica.
O papel do acompanhamento médico e fisioterapêutico
Embora muitos atletas amadores não contem com acompanhamento constante, realizar consultas periódicas com profissionais de saúde é essencial. O ortopedista, o fisioterapeuta e o educador físico podem identificar predisposições a lesões, corrigir movimentos inadequados e orientar sobre o retorno seguro após lesões.
Além disso, a fisioterapia preventiva e a liberação miofascial são recursos importantes para manter o corpo em equilíbrio e evitar sobrecargas.
Escolha do calçado e vestuário: detalhes que fazem a diferença
Pode parecer um detalhe menor, mas o uso de roupas e calçados adequados é crucial para o bom desempenho e a prevenção de lesões. O tênis, por exemplo, deve ser escolhido conforme o tipo de pisada, o esporte praticado e o terreno onde a atividade será realizada. Já roupas leves e com boa ventilação evitam superaquecimento e atritos.
A cada 500 a 800 km de uso, o tênis de corrida, por exemplo, começa a perder a capacidade de absorção de impacto, o que pode gerar lesões nas articulações.
Performance com segurança é o melhor resultado
A prevenção de lesões esportivas entre atletas amadores depende de uma combinação de fatores: autoconhecimento, preparo físico, orientação profissional e cuidados com o corpo. Respeitar os próprios limites, treinar com regularidade e investir em fortalecimento muscular são atitudes que, além de evitar lesões, promovem melhor desempenho e qualidade de vida.
Praticar esportes deve ser sinônimo de saúde — e não de dor ou afastamento. Com pequenas mudanças na rotina, é possível garantir que cada treino seja um passo a mais rumo ao bem-estar.